domingo, 28 de abril de 2013

Cine Me

 
É o Amor
 
 
«É o Amor», em alguns aspectos, como «um ensaio para o próximo filme». Outra, a ideia de que, ficção ou documentário, representado ou não, o filme tem o mesmo objetivo de sempre: suscitar emoções em quem o vê. «A emoção tem passado, e estou contente por isso», conclui.
(João Canijo)
 
O amor, do fundo do seu lugar-comum, é isto. E é isto que a actriz Anabela Moreira quando colocada (a palavra sugere isso mesmo, uma experiência) uns meses a viver nas Caxinas com as peixeiras locais, acaba por sentir. Sónia Nunes, a mestre que trata do peixe e ensina Anabela a desempenhar a “obrigação” diz-lhe a dada altura: “só tu é que achas que o amor não é lindo”. E Anabela pensa, emociona-se, coloca-se em registo diarístico ante a câmara, em pausa na pretensa fluidez documental, e dá razão a Camargo: chora pela necessidade de ser feliz, de “esquecer-se” de si (que no fundo é o seu olhar cínico-urbano, mas também a sua condição exterior da profissão de actriz) e de se unir à realidade (obter a tal “alma transparente”) sem distanciamento, para poder questionar a felicidade.
 
No entanto, para além de dar a ver as piroseiras do casamentos, das músicas (que fazem o filme ser absorvido por elas, tornar-se, ele próprio um tanto piroso), para além da enhanced reality que Anabela crê que Sónia vive, para além das lições de felicidade no plano do carro perto do fim, não esqueçamos que É o Amor é um filme sobre o amor.

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