A mulher
deitada, a mulher que se perdeu,
durante o
sonho, e não sabe que o caminho
estava
indicado nos seus olhos, procura o vazio
com a mão
segura entre lençol e cobertor,
como se
nesse intervalo houvesse ainda
uma saída
para o desejo. No sono em que
a maré da
noite se desfez num impulso
de névoa,
os seus lábios murmuraram
o nome
que não tem corpo; e em vão
esperaram
o beijo que os iria selar,
os dedos
que se afundariam no oceano
dos
cabelos, a respiração que
lhe daria
o ritmo da manhã. Por isso,
a mulher
que acorda pede à noite que não
a deixe
sozinha, como se o abraço antigo
se
pudesse prolongar, ou o sol
não
trouxesse o dia para junto dela.
Nuno Júdice
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