segunda-feira, 18 de novembro de 2013

You make the simplest things sound so intriguing

 
 
 
estou finalmente sozinho comigo mesmo, algures, num ponto desconhecido do Universo. uma voz quase estelar perturba, todo o meu corpo treme. são muitas horas passadas com a casa encostada à vidraça. olhando o mar. olhando até que nem mar, nem coisa nenhuma me vem ao olhar.
o mar vem, então, de dentro de mim, e não se parece nada com aquele que vejo.
são muitas horas sem minutos. são muitas horas sem ninguém, de deserto em deserto, à espera que a noite desça e esconda tudo com seu soluço de sombras. e me esconda a mim, também, dos seus próprios pensamentos. um escuro tão total que ao passar uma mão pela outra não a sinto. o corpo diluído na própria espessura da noite, enfim para descansar.
é no instante fulgurante em que já não tenho corpo, nem sentimentos, nem desejos, que surgem as palavras, ainda sem forma ao papel, ainda sem mentiras. ainda sem significado algum. uma espécie de linguagem musical quase indecifráve.
 
Al Berto

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